Sonia Leite
Resumo:
Modelo (Vorbild), objeto (Objekt), colaborador (Helfer) e adversário (Gegner) são os quatro termos de que Sigmund Freud se vale em seu texto de 1921 sobre as massas e a análise do eu, ao afirmar que a psicologia individual é simultaneamente, desde o seu início, psicologia social. Daí em diante, sob a inflexão proporcionada, um ano antes, pela conceituação da pulsão de morte e de um além do princípio de prazer, sua abordagem da indissociabilidade entre a estrutura psíquica de cada ser humano e os modos pelos quais se instituem as formações coletivas retoma algumas vezes a importância de o psicanalista tratar o mal-estar à luz do que se revela, isolada ou contiguamente, perene e transitório. E isso na clínica, no caso a caso, e na pólis e na cultura, de modo plural.
Ao reunir, nas três seções deste volume sobre a teoria, a práxis e a formação psicanalíticas, 18 ensaios elaborados ao longo das últimas três décadas, Sonia Leite proporciona àqueles interessados pelas inter-relações entre a clínica, os grupos, as instituições e os aglomerados um valioso conjunto de proposições quer sobre a permanente formação pessoal-e-institucional do psicanalista, quer sobre eventuais subversões discursivas que a presença deste pode promover em quem se encontra em análise e nas estruturas instituídas pela vida compartilhada. Não uma vez apenas, e sim ao insistir em apostar no que ainda não se fez à mostra.